Caminhos que a alma escolhe
- Cheila Cristina Vieira

- 26 de jul.
- 2 min de leitura
Sem rumo, com alma
Sem rumo. Foi assim que parti — uma mochila nas costas e a desculpa de que precisava buscar algumas coisas que havia deixado no Peru. Mas a verdade é que eu sabia: estava indo sem data de retorno, sem
saber pra onde ir depois, nem o que fazer.
Quando cheguei em Cusco, tinha sete dias de reserva em um hostel perto do Mercado de San Pedro — excelente lugar, aliás. Conheci muitas pessoas, estilos diferentes de viagem, formas ainda mais diversas de pensar. É curioso como as almas vão se aproximando, como as trocas simplesmente acontecem. Em tão pouco tempo, criam-se laços que parecem de outra vida — encontros de eternidade.
E num piscar de olhos, vem a despedida: Tupananchiskama — até que nos encontremos novamente. E assim, cada um segue o seu caminho, o seu destino, o seu chamado. Encontros de alma que chegam pra nos fortalecer. E por mais que cada um esteja em sua própria jornada, muitas vezes sem rumo certo, esses encontros nos lembram: não estamos sozinhos.
"Somos ciganos do espaço, viajando por planetas..."É exatamente assim que sinto ao encontrar almas peregrinas: um reencontro, um abraço, um sorriso, um toque — algo que nos recorda que precisamos continuar, por um motivo que só nossa alma seria capaz de responder.
Viajar assim, um dia de cada vez, é silenciar o ego e viver com a alma. É entrega. É confiança.
Dá medo, sim. Algumas vezes senti a ansiedade bater à porta. Mas só a observei e disse: "Calma. Eu sei o que estou fazendo." E então deixo minha alma conduzir.
Os caminhos vão se abrindo a cada passo que dou: um novo lugar surge, uma pessoa convida pra dividir uma casa temporária, um jantar pago por um amigo de alma, o dinheiro que chega conforme a necessidade. É sobre confiar.
O maior aprendizado dessa viagem tem sido justamente esse: confiar no caminho que o coração escolheu trilhar — mesmo quando, ao acordar, a mente questiona: “Por quê? O que estou fazendo aqui? Pra quê?”. Mas passa.
Tenho aprendido também sobre segurança — ou melhor, sobre me sentir segura. Vim ao Peru com o plano de conseguir um trabalho como barista, e seguir com meus atendimentos online. Assim, pensava eu, teria mais “segurança”.
Fiz entrevistas. Aparentemente, gostaram de mim. Mas algo sempre acontecia — o trabalho não se concretizava. E, lá no fundo, eu sabia: não era esse o caminho da minha alma. Nunca fui boa em me encaixar em sistemas padronizados.
Ainda assim, a ideia de um salário fixo na moeda local parecia tentadora, já que nosso real quase não vale nada por aqui. Mas a vida tem sua forma curiosa de nos mostrar a verdade.
Poderia pensar que os caminhos estão fechados pra mim, mas sinto o oposto: estão escancarados — desde que eu siga fiel à minha verdade.
E minha verdade, agora, é seguir caminhando.
Pra onde? Bom... isso eu só vou descobrir quando der o próximo passo.




Os caminhos só vão se abrir. Continua seguindo minha lindona 💕💕💕
Lindo te ler amiga!