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Silêncios de inverno


Amanheceu frio, e eu sorri.


Quatro graus lá fora, e aqui dentro… uma alegria quieta, dessas que a gente sente sem pressa. O sol apareceu, radiante e "caliente", lançando seus raios dourados como quem desperta devagar um corpo que dorme.


Me entreguei a ele, olhos fechados, pele arrepiada. Enquanto a luz dourada me banhava, a brisa gelada acariciava meu rosto e dançava entre os fios do meu cabelo. E ali, por um instante, vi meu espírito — leve, saltitante — dançar com o clima.


Café moído na hora, água quente, o aroma se espalha... Se entrelaça com o vento que entra pela janela aberta, como se trouxesse um recado: “Amanheceu frio.”


Mãos geladas, xícara quente. Sento em silêncio, observando o sol brilhar, os pássaros cantar, os gatos miar e brincar. Tudo pulsa numa mesma sinfonia de manhãs frias. E eu? Eu me derreto nesses dias.



Dias frios.


Eles despertam algo em mim.


Minha alma vibra mais alto, e minha criança interior corre livre saltitando e acelerando o coração. Acordo disposta, leve, com a energia renovada, como se o frio organizasse o que o calor pra mim bagunça.


Eu sei... pra muitos, dias frios são sinônimos de preguiça, de recolhimento. Mas comigo é o contrário — talvez porque eu nunca tenha seguido muito o que é padrão.


Esses dias me parecem mais bonitos, mais verdadeiros, mais calmos. O frescor do ar mantém meu corpo desperto e presente, me colhe ao mesmo tempo que me inspira, o silêncio do inverno faz morada em mim.


Na minha cidade natal, o frio raramente dá as caras. Talvez por isso, sempre que posso, fujo em direção às montanhas. Busco as serras, os ventos cortantes, as lareiras acesas. Vou pra onde o frio me chama — e ele sempre me chama.


(Às vezes penso que vim de um lugar congelante… divago.)


Talvez eu goste tanto do frio porque ele me convida a estar. Estar no corpo, no instante, no café quente, na pele arrepiada, no casaco apertado e nos abraços acalorados. Ele me convida ao silêncio e ao sentir.


E eu aceito.



... Cheila

 
 
 

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